O vigor de uma mulher lutadora e guerreira

Após ser dirigente nacional e ter o papel de contribuir na organização do MST, Lucinha se tornou a primeira Secretária de Políticas para Mulheres da Bahia.

today28 de agosto de 2017


Do Voz do Movimento*

Foi em Itamaraju que Vera Lúcia Barbosa conheceu o MST. Com apenas 15 anos participou da segunda ocupação na Bahia, que construiu o Assentamento Bela Vista. Lucinha, como ficou conhecida, se apaixonou pelo Movimento e decidiu que iria dedicar sua vida à luta do campo.

Natural de Eunápolis, no Extremo Sul, Lucinha (45), é filha de um pai bastante rigoroso e de uma mãe dedicada e zelosa. Tem 12 irmãos, é casada e mãe de Vinicius e Marisa. Cursou até a 8ª série do Ensino Fundamental. Foi coordenadora-geral do Acampamento de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Bahia, participou da Via Campesina e da Coordenação Nacional dos Movimentos Sociais (CMS). Incansável defensora dos direitos das mulheres e de uma sociedade mais justa igualitária.

Após ser dirigente nacional e ter o papel de contribuir na organização do MST, Lucinha se tornou a primeira Secretária de Políticas para Mulheres da Bahia, em 2011, sendo também a primeira Secretária de Estado advinda do Movimento.

Com o vigor de uma mulher lutadora e guerreira, que age com pulso forte, mas com a doçura de uma criança, Lucinha já ocupou diversos cargos de destaque durante seus 30 anos no MST. Para ela, uma das maiores marcas do Movimento é tornar a luta pela terra uma realidade. “É importante o indivíduo pertencer a uma organização, perceber que tem direitos. Mas não é só aquela coisa de achar que tem direito, [no MST] você vê o resultado. Consegue terra, casa, sustentar uma família”, afirma.

“Muita gente nem imaginava que teria um pedaço de terra. Muitos morreram sem conseguir”, conclui.

Apesar de apontar a força do MST, Lucinha é exigente. Conseguir terra para o povo do campo é fundamental, mas não suficiente. “Precisamos melhorar ainda na nossa educação, formação e produção. Chegar no patamar de organização social mesmo, fazer com que o indivíduo que está no MST acompanhe todas essas frentes”, explica.

Lucinha lamenta ainda que o Movimento não seja tão forte em alguns estados como é na Bahia. Sempre de olho no futuro, ela continua fazendo de tudo para que o MST seja cada vez mais forte, na Bahia e no Brasil.

*Editado por Thiago Freire