Do Voz do Movimento
Fotos: Nana Teixeira
De 22 a 24/9 o MST reuniu cuidadores e médicos populares de dez regiões do estado da Bahia no Centro de Treinamento da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), em Salvador, para socializarem as práticas em saúde desenvolvidas nos assentamentos e acampamentos do MST, além de debater os elementos políticos e conceituais da Saúde Popular, compreendida enquanto bandeira de luta pelos trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra.
Cerca de 100 pessoas participaram do encontro, que abarcou em sua programação diversos painéis, oficinas, mesas redondas e trabalhos em grupo, com o objetivo de verticalizar as discussões e ampliar a participação.
Para os visitantes e convidados, uma banca estava expondo os produtos fitoterápicos do coletivo estadual de saúde, como pomadas, sabonetes, chás, óleos e alguns medicamentos feitos à base de extratos e ervas naturais. Paralelo a isso, diversas oficinas estavam ensinando o processo de produção desses produtos.

Saúde pública corre risco
Outra questão que merece destaque durante os três dias de atividades, foram os debates acerca do atual momento político que vive o Brasil e o sucateamento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Antes do impeachment de Dilma Rousseff (PT), a União era obrigada a aplicar na saúde ao menos o mesmo valor do ano anterior, mais o percentual de variação do Produto Interno Bruto (PIB). Estados e municípios precisam investir 12% e 15%, respectivamente. Na educação, o governo federal deve gastar 18% do arrecadado e as outras esferas, 25%.
O presidente ilegítimo, Michel Temer, defendeu publicamente o fim dessa regra. “Essa fórmula [acabar com a exigência] reforça a Federação, que se ancora na ideia de autonomias locais”, afirmou na convenção do PMDB, em novembro de 2016.
As discussões dessas questões apontaram a necessidade de ampliação da luta em defesa da democracia e de um sistema de saúde popular. Foi nesse sentido, que os cuidadores e médicos se comprometeram em fortalecer o setor de saúde e construir, juntos as famílias assentadas e acampadas, métodos de organização, formação e trabalho sobre o tema.
Atividades práticas
Na programação do evento, algumas oficinas práticas contribuíram no qualificação técnica dos participantes. Ventosaterapia, auricoloterapia, fitoterápicos, arte e musicoterapia, além de massagens e exercícios físicos, exemplificaram esse processo de estudo.
Fatima Gavião, do coletivo de Mulheres de Fibra do Calabar, em Salvador, foi convidada para participar do encontro. Para ela, os estudos fortaleceram a ideia de que um outro mundo é possível. “Aprendi muito e pretendo trazer para minha vida e minha luta”, afirmou.
Já Ednaldo Correia, da direção estadual do MST, ao avaliar o encontro disse que os espaços permitiram os participantes a conhecerem diversas discussões que fazem parte do dia a dia dos trabalhadores, como o SUS e as políticas de saúde. “O espaço foi muito emocionante e a troca de experiências qualificou o encontro”.